Sua empresa fará um corte de custos e será você o responsável por demitir as pessoas? Conversas difíceis estão por vir.
- Haverá uma reunião com um cliente que não deseja renovar a compra do serviço?
- A produtividade do seu departamento está afetada devido a dificuldades internas de relacionamento?
- O feedback que você dá para sua equipe sempre gera um mal estar?
- O chefe volta e meia te repreende na frente das outras pessoas?
- Seu colega de trabalho roubou a sua ideia e disse que o projeto é dele?
- Você reclama da sua empresa, mas evita questionamentos diretos, pois teme que as coisas piorem?
O que essas situações têm em comum? Todas essas são exemplos conversas difíceis.
Conversas difíceis: Evitar ou enfrentar?
Desde o tempo das cavernas, o mecanismo de luta ou fuga surge na presença de algo que seja aterrorizante para um ser humano. É uma reação fisiológica, uma resposta que prepara nosso corpo para lutar ou fugir de uma ameaça. Não importa se a ameaça é real ou imaginária.
Essa reação foi descrita pela primeira vez na década de 20, pelo fisiologista americano Walter Cannon. Ele percebeu que, ao pressentir o perigo, ocorria uma reação em cadeia no interior do corpo mobilizando os recursos do organismo para lidar rapidamente com as circunstâncias ameaçadoras.
Uma conversa difícil pode ser ameaçadora. Por inúmeros motivos. Podemos descobrir que não temos razão. Podemos ouvir o que não queremos. Podemos ser magoados.
Conversas difíceis podem destruir um relacionamento. Na maior parte das vezes, iniciamos a conversa com a certeza de que estamos certos, que o problema é como o outro age, que a intenção do outro é duvidosa, e que afinal de contas, a culpa é dele.
O problema é que a outra pessoa também acha isso tudo da gente. Aí começa a confusão.
E não bastassem as dificuldades de entendimento e as emoções envolvidas, o mercado exige que fiquemos atentos aos conflitos.
Em menos de dois anos, até 45% das atividades profissionais realizadas atualmente no mundo, já poderão ser executadas por computadores e robôs, segundo pesquisa realizada pela Manpower Group com 18 mil empregadores em 43 países incluindo o Brasil.
“A automatização crescente e rápida significa que, para não ficar sem trabalho, profissionais precisarão se adequar, aprender e desenvolver novas competências. Ganham forças competências como a capacidade de gerir melhor as relações pessoais e analisar e resolver conflitos. Isso inclui inteligência emocional e relacional, porque, com as mudanças, e o consequente contato com pessoas diferentes, a tendência dos conflitos é aumentar.” (Fonte: Jornal O Globo)
Isso tudo já seria motivo suficiente para observarmos a qualidade de nossas relações e diálogos, mas tem mais. E é coisa boa.
Um estudo iniciado em 1938 pela Universidade de Harvard sobre Felicidade Humana passou 75 anos acompanhando um grupo de 724 homens da adolescência até a velhice. Certamente o estudo mais longo já realizado sobre esse tema.
Acompanhavam seu crescimento, viam seus exames médicos, gravavam seu dia a dia, falavam com suas mulheres e filhos. Alguns dos participantes estão hoje na casa dos 90 anos. Ou seja, um estudo sem precedentes mesmo. O diretor da pesquisa Robert Waldinger (o quarto diretor!) explica que depois de seguir a vida das pessoas por décadas, a conclusão mais absoluta é que não é nem fama, nem dinheiro que traz felicidade, mas sim a qualidade de seus relacionamentos.
Sejam os relacionamentos pessoais ou profissionais, é a qualidade deles que promoverá uma vida feliz. E Waldinger complementa: “Não se trata de passar mais tempo no trabalho, mas de prestar mais atenção no outro, para se conectar mais com as pessoas, em vez de dar como certo que o outro estará sempre ali. Eu diria que vocês devem tentar construir laços com as outras pessoas. E é particularmente importante fazer isso com quem se tem algum conflito”.
Lidar com conversas difíceis é desafio de vida inteira. Assim como exercícios físicos, a musculatura que possibilita conversas eficazes e assertivas torna-se melhor gradativamente. Então para iniciar essa jornada com um pequeno, mas potente movimento, sugiro algo objetivo e simples, porém certeiro.
Mantenha os ouvidos abertos!
Ouçam. Apenas ouçam. Ouçam com empatia. Ouçam sem ficar programando respostas.
Nós achamos que conversas são sobre falar, mas na verdade são sobre ouvir. Temos dois ouvidos e uma boca para ouvirmos duas vezes mais do que falamos.
E finalizo com três importantes razões, mencionadas por William Ury, fundador do Programa de Negociação de Harvard, para ouvir em qualquer negociação e conflito:
- Ajuda você a compreender o outro lado
- Você se conecta a outro ser humano. Isso constrói rapport, confiança, mostra que nos importamos. E faz a conversa evoluir.
- Você estimula o outro a te escutar.
Espero que essas dicas possam te ajudar a lidar melhor com as conversas difíceis do dia a dia.
Até a próxima!
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