Educação Corporativa
Como você se compartaria se roubassem a sua voz?

Como você se compartaria se roubassem a sua voz?

E quando roubam a sua voz?

Se não existisse salário, você se comportaria da mesma forma como se comporta hoje em seu ambiente de trabalho?

A resposta a essa pergunta talvez seja um pouco óbvia e a realidade é que existe uma grande parcela das pessoas que não são próprias quando entram pela porta do escritório ou do seu local de trabalho. Isso normalmente ocorre porque, ser você mesmo, agir com personalidade e se expor, traz alguns riscos e nem todos estão dispostos a assumi-los.

Quantas vezes você já se pegou “segurando a língua” para evitar falar alguma coisa que pudesse ser interpretada de outra forma ou pudesse deixar alguém insatisfeito, mesmo que por uma discordância de opiniões? Embora isso também tenha o seu valor, já que saber quando falar e o que falar, são princípios de inteligência emocional, – essenciais para conseguir navegar bem em sociedade e no trabalho – a economia de palavras pode custar mais caro do que o risco de não dizer essas palavras.

Pare para pensar. O que faz você ser contratado em uma empresa? Normalmente a escolha acontece em função daquilo que você fala em uma entrevista, pelos conhecimentos que demonstra e as competências que apresenta ao participar de uma conversa com um recrutador. Se usar a sua voz lhe garantiu o ingresso em uma determinada empresa, por qual razão muitos a silenciam depois?

Vejo algumas alternativas que podem explicar esse fato, e na minha visão, todas estão diretamente relacionadas ao modelo de cultura da organização:

  • Culturas de alta hierarquia, onde prevalece a voz dos “maiores”.
  • Culturas de baixa tolerância ao erro, o que gera medo nas pessoas arriscarem ou ousarem.
  • Culturas que não fomentam o engajamento das pessoas aos projetos da organização.
  • Culturas pouco flexíveis a mudanças internas, baixa resiliência.

Refletindo

Há alguns anos passei por uma experiência que refletia bem o impacto causado pelo tipo de cultura das opções 1 e 2 acima. Após um processo de aquisição, de uma empresa maior comprando uma empresa bem menor, aconteceu um fenômeno muito interessante e ao mesmo tempo angustiante. A empresa menor, possuía uma cultura de muita comunicação aberta, engajamento e inovação. Já a empresa maior naquela época, apesar de muito inovadora, era bem mais hierárquica e com um estilo de gestão muito diferente, além de naturalmente ter entrado em uma fase de avaliação das pessoas que vieram da outra organização.

O que observei em alguns profissionais da empresa menor, que foi comprada, e que eu já conhecia há bastante tempo o perfil de muitos deles, foi um desânimo gradativo e uma redução de performances individuais. Pessoas acostumadas a contribuir, participar, fazer a diferença, simplesmente haviam “murchado” e não eram mais aqueles profissionais que muitos admiravam. Naturalmente, alguns deles não continuaram na organização, mas os que souberam se adaptar e mantiveram seu posicionamento, moldando um pouco a forma àquele novo ambiente, conseguiram se destacar e deixar a sua marca.

Não deixe que lhe roubem a voz!

Em qualquer uma das situações e modelos de cultura, o alerta é o mesmo: Não deixe que lhe roubem a voz!

A ausência de exposição não é sinônimo de estabilidade em seu emprego, deixar de opinar, discordar quando necessário, e agir como: “deixa eu ficar aqui no meu canto pra não sobrar pra mim”, irão silenciar você aos poucos na organização.

Se você está em uma empresa que não lhe dá voz, saia! Procure outro lugar para trabalhar. Não há nada mais frustrante profissionalmente do que estar em um ambiente onde há pouco ou quase nenhum espaço para falar, opinar, contribuir, se expor, ouvir e ser ouvido. Profissionais com voz ativa tendem a ser mais reconhecidos e lembrados, e isso faz toda a diferença na sua carreira, seja dentro da empresa em que está atualmente, ou para o mercado.

É melhor lançar-se à luta em busca do triunfo mesmo expondo-se ao insucesso, que formar fila com os pobres de espírito, que nem gozam muito, nem sofrem muito, e vivem nessa penumbra cinzenta sem conhecer nem vitória, nem derrota.

(Franklin Roosevelt)

Éder Monteiro

Formado em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com especializações em instituições como COPPEAD e Harvard Business School, desenvolveu sua carreira como executivo na área de Recursos Humanos com passagens por empresas de diferentes segmentos como Energia,…

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