Educação Corporativa
Não utilize uma inovação disruptiva em seu RH antes de ler isso!

Não inove seu RH antes de ler isso!

Não inove seu RH antes de ler este artigo porque hoje vamos conversar sobre Inovação Disruptiva.

Tenho percebido nos últimos meses um aumento no interesse pelo tema de inovação no ambiente de RH. Vejo muitas pessoas falando de “RH disruptivo”, de “mentes disruptiva”, etc. Sem dúvidas esse é um dos assuntos do momento. A demanda por processos e programas de gestão de pessoas mais inovadores e a digitalização do RH tem contribuído com o aumento desse interesse. Mas você já se perguntou o que significa, de fato, essa expressão “Inovação Disruptiva”?

A expressão inovação disruptiva foi criada por Clayton Christensen, professor de Harvard, que estuda o tema de inovação desde a década de 90, época em que escreveu seu clássico livro, Dilema da Inovação. Você pode perceber, portanto, que essa expressão não é nova. Esse assunto já faz parte do dicionário de tecnologia e de gestão de negócios há muito tempo.

Mas o que é inovação disruptiva?

De acordo com Christensen, podemos definir inovação disruptiva como o fenômeno pelo qual uma inovação, geralmente sustentada por uma nova tecnologia, transforma radicalmente um mercado ou setor existente através da introdução de simplicidade, conveniência e acessibilidade em mercados estagnados ou obsoletos, onde a complicação e o alto custo são o status quo.

Há três partes que gostaria de destacar nessa definição.

A primeira diz respeito ao termo “mercados estagnados ou obsoletos”. Basta uma pesquisa simples no Google para encontrar dezenas de exemplos de empresas líderes em um determinado segmento de mercado que foram engolidas por start ups emergentes. Os exemplos são diversos: BlockBuster x Netflix, Táxi x Uber, Redes de Hotéis x AirBnb, etc.

Christensen explica que o grande erro dessas empresas não foi deixar de inovar, na verdade elas inovaram bastante seu produto. Porém, focaram somente nas necessidades de seus grandes clientes e deixando de atender a necessidades de uma outra parcela de mercado menor, mas significativa, pois delas vinham os sinais de uma mudança de comportamento de consumo que depois se transformaria numa nova forma de fazer negócios naquele segmento.

Essa “cegueira” das empresas líderes é conhecida como “maldição do expert”. Elas se tornaram tão experts em seus produtos a ponto de torná-los inconsumíveis para a maior parte do mercado.

A segunda parte que destaco é: introdução de simplicidade, conveniência e acessibilidade. Essas são características de uma inovação disruptiva. A cegueira dos líderes permitiu o surgimento de startups que atendiam – mesmo que no início de forma limitada – a demanda daquele mercado inexplorado, com uma solução mais simples, eficiente e acessível.

Esse mercado então começa a ganhar volume, a ponto de permitir mais investimentos e melhorias constantes na solução até o ponto que David mata Golias, quando a empresa que era líder despertou tarde demais, perdendo seu mercado de um dia para o outro. Não há tempo, tecnologia e nem dinheiro para se adequar a nova forma de fazer negócios.

Como isso influencia o RH?

Agora trazendo essa reflexão para a realidade dos nossos processos de RH, considere que o produto em questão seja, por exemplo, o programa de Avaliação de Desempenho da sua empresa. Será que o que é feito hoje, que você gastou tanto dinheiro com consultoria para desenhar, dinheiro para implementar e alguns anos para internalizar, se tornou um produto simples, conveniente e acessível para seu cliente interno? Ou será que você sofisticou tanto seu processo, se tornou tão expert nele, que não percebeu que ele ficou complexo, chato e não atende as expectativas de seu cliente interno?

Ter um produto obsoleto nesse caso, já trata do risco de você perder os melhores profissionais para seu concorrente por ele ter percebido antes de você que os novos talentos valorizam empresas que inovam no seu processo de avaliação. Acendeu uma luz? Sim, precisamos inovar gente, mas não adianta querer sofisticar um modelo já obsoleto de fazer avaliação.

Citando Peter Drucker: “Não há nada tão inútil quanto fazer com grande eficiência algo que não deveria ser feito”.

Uma inovação disruptiva não é uma questão de pensar fora da caixa, mas de jogar a caixa fora e pegar outra. Uma inovação que mude nossa forma tradicional de avaliar e que rompa com os velhos modelos.

Terceira parte que gostaria de destacar é a que é “geralmente sustentada por uma nova tecnologia”. Isso é muito importante. A tecnologia, dentro do conceito de Inovação Disruptiva, não é a inovação em si, mas sustenta essa nova forma de fazer negócios.

Peguemos novamente o exemplo da Avaliação de Desempenho. Não adianta você contratar a melhor ferramenta de avaliação do mercado, se seu processo é complexo, confuso e desmotivador. Digitalizar o RH, não é necessariamente inovar. Foque primeiro no processo e depois na ferramenta que irá sustentá-lo.

Conclusão

Você deve primeiro olhar para a forma de fazer avaliação. Entender o que a tornaria mais simples e adequada para o seu cliente, tirar seu chapéu de expert, colocar um capacete e pisar no chão da fábrica, para ouvir o seu cliente e entender sua experiência com seu produto, entender o que ele espera da empresa quando falamos de avaliação. Entender sua jornada e como ele se sente quando é avaliado.

Conhecer as boas práticas de outras empresas através de benchmarks também ajuda. Mas atenção, não adianta fazer um benchmark na Google, entender como eles avaliam seu time de desenvolvedores de sistema e entubar no seu time de profissionais de logística. Copy e paste nesse caso pode significar um trabalho de preguiçoso.

A Inovação Disruptiva em RH deve vir de dentro para fora, a começar pela capacidade dos profissionais do seu time se reinventarem, desenvolverem novas competências para lidar com esses novos desafios, pois você não terá novos resultados se seu time continuar pensando e agindo do mesmo jeito. É preciso uma mudança de mindset e uma dose extra de coragem para os profissionais de RH assumirem seu real papel de agentes da mudança e intraempreendedores na organização.

Então aqui ficam as dicas para inovar seu RH:

1- Fuja da “maldição do expert”;
2- Busque entender a experiência de seu cliente;
3- Simplicidade, conveniência e acessibilidade são orientadores;
4- Tecnologia é o meio e não o fim;
5- Evite o copy and paste dos outros;
6- Não tenha medo de inovar, tenha coragem!

Referência:

CHRISTENSEN, Clayton M. O Dilema Da Inovação. Quando As Novas Tecnologias levam as empresas ao fracasso. São Paulo: M Books, 2011.

Felipe Santos

É Psicopedagogo de formação e atua há mais de 15 anos com Treinamento & Desenvolvimento, tendo trabalhado em empresas como Bradesco Seguros, Vale e Wilson Sons. Atualmente é consultor em tecnologias para gestão de pessoas e autor do blog https://disrhuptive.blogspot.com/,…

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